quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

REALITY SHOWS: ORIGEM REMOTA




Infografia da revista Superinteressante sobre a História dos Reality Shows (edição 274, janeiro de 2010)

Há 80 anos atrás, desembarcavam de volta ao Brasil o jornalista Olympio Guilherme e a dançarina Lia Torá. Lia, casada com o empresário Júlio Moraes, que conhecera na viagem; Guilherme, suspeito de cometer assassinato, livre de consequências piores por intervenção do consulado brasileiro. As duas histórias começaram com um sonho em comum: ser artista de cinema.

3 anos antes, a Fox Films, através de seus representantes no Brasil, promovera um concurso de novos talentos. As moças sonhavam ser a nova Gloria Swanson, e os rapazes aspiravam ao trono vazio de Rodolfo Valentino, falecido no ano anterior. Após seleção de fotos de candidatos de todo o país, e testes de filmagem com os pré-aprovados, saiu o resultado. E, em agosto, Lia e Guilherme viajavam para Hollywood.

Na cidade do Cinema, a dupla encontrou uma realidade diversa da Utopia prometida no Brasil. Atuaram como figurantes, e não como astros principais - como dava a entender a campanha feita em terras tupiniquins. A maior realização de Lia foi atuar em versões em espanhol dos filmes americanos, produzidas para o público latino; o maior feito de Guiherme foi dirigir e produzir a película "Fome", sobre suas agruras em Hollywood - não precisa explicar a razão do título.

Enquanto isso, no Brasil, revistas como Selecta e Cinearte publicavam fotos de Lia e Guilherme ao lado de grandes astros norte-americanos. Mas as peças eram apenas isso: um golpe publicitário da Fox Films. O que o magnata William Fox desejava era divulgar seus filmes, usando a audiência como parte do espetáculo. Não era o Big Brother, nem o Survivor, mas podemos dizer que a experiência foi precursora dos Reality Shows da atualidade.

fonte:CASTRO, Ruy. Carmem: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
imagem: revista Superinteressante/Flickr

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