3 ESTAGIANDO
Minhas atividades estão relacionadas à alimentação da Intranet e à produção do jornal interno da Regional Ceará. A assessoria de imprensa verifica e-mails, correspondência e distribui as tarefas para os colaboradores e estagiários. Também podem ser originadas de idéias, contatos, leituras. As matérias geralmente são feitas a partir de entrevistas, por telefone ou in loco. Outras são realizadas a partir de relatórios de pesquisas ou reportagens da imprensa, como é o caso da matéria sobre a Pesquisa de Opinião. Há temas que dependem de contatos pessoais, como é o caso dos perfis – focando empregados com atividades extra-empresa, como surfistas, taxistas etc.; e a matéria sobre o calendário de eventos juninos – a dificuldade de encontrar dados no Google (mesmo na pesquisa avançada) me fez recorrer às redes sociais.
A produção de notícias é feita diariamente, embora algumas demorem 2 ou mais dias para ficarem prontas. Algumas matérias são “engavetadas” para uso posterior. O fluxo de produção depende da demanda. Por exemplo, a chegada da data de publicação do Boletim interno normalmente acelera as atividades. O trabalho de atendimento à mídia também interfere nesse fluxo. Nas segunda e terceira semanas de estágio, tivemos várias provocações da imprensa regional, reuniões com os setores responsáveis da empresa que alteraram o andamento da Assessoria, reunião com a nova Administração Nacional etc. Afinal, a atividade de Assessoria de Comunicação, assim como a de Jornalismo, não planeja os fatos – pelo menos a maioria deles – apenas divulga. A prova final é revisada pela assessora de imprensa e pelo coordenador de Assessoria de Imprensa, em conjunto com os estagiários. Redatores opinam sobre imagem, artistas gráficos opinam sobre o texto. Também colaboro com o clipping, e vejo que, pelo menos no período de estágio, houve o acompanhamento, mas não a análise.
Acompanhei um atendimento à imprensa e uma entrevista de um dos Gerentes regionais. Recebemos a provocação, a reclamação, o pedido de informação etc., e procuramos a área específica. Dependendo do caso, há uma consulta à Diretoria Regional. Se houver informações divergentes entre uma e outra fonte, procuramos uma terceira, quarta, ou recorremos à acareação. Só então permitimos a entrevista, ou enviamos a nota. Antes da entrevista, prestamos alguns esclarecimentos adicionais – tanto à repórter quanto ao entrevistado. O local da entrevista também precisa ser verificado – nem sempre a Assessoria de Comunicação local tem autonomia para autorizar o acesso a certas áreas da empresa.
(...) usar os aplicativos (de código aberto) como programas de escritório. Na minha atividade básica, que resulta em textos, não há maiores dificuldades com a ferramenta. Mas há a necessidade de aprendizado, diante de tarefas como diagramação, criação de planilhas.
4 APRENDENDO
A Assessoria de Comunicação da (...), sendo parte de uma organização maior, está subordinado às diretrizes da sede. Assim, não pode se dar a arroubos criativos quando da produção de um evento ou peça de comunicação. Há um padrão visual, um nível de qualidade que devem ser observados, uma identidade visual que vem de fora – vem da sede. No entanto, a Administração Central não produz todas as peças, ficando as regionais responsáveis por alguns trabalhos – o modelo de camisa (de alguns eventos) por exemplo. Na seção de eventos, trabalha-se basicamente com marketing, e não com jornalismo. Não basta pesquisar, entrevistar, transformar em textos. O universo de habilidades necessárias é bem maior do que o fornecido pela universidade. Já sabíamos disso, mas o apelo da prática é muito mais forte do que o conselho dos professores.
A função de integrar Empresa, Mídia e Sociedade também tem lá seus percalços. No plano interno, sofremos com a estrutura social e o modelo fordista de especialização do trabalho: a comunicação com a área administrativa é ótima; com a área operacional, há muito o que fazer. A primeira, tem a seu favor o e-mail, a intranet, o próprio fluxo de informação necessário à área. A segunda sofre com o tipo de comunicação que usamos – a digital, que requer mais computadores do que temos atualmente; com o nível de educação e a formação cultural dos funcionários, que não tem capacidade de usar os computadores ou interesse nas informações da empresa. Sem esquecer o fato inexorável de que só existe uma Assessoria de Comunicação em cada regional – no prédio-sede, perto o suficiente das gerências e coordenações regionais, distante de muitas unidades operacionais. Existe um projeto para encurtar essa distância: o (...), onde gestores de unidades serão incentivados a se tornarem canal entre os funcionários, a Diretoria Regional e a Assessoria de Comunicação, para alcançar um dos objetivos do órgão: integração.
No plano externo, durante o estágio, e através de entrevistas com os coordenadores da Assessoria, notei que o desafio maior é o modelo de jornalismo como conhecemos. Em um dos atendimentos à imprensa, um produtor telefonou, um repórter veio e saiu apenas com algumas informações adicionais, um terceiro efetivamente realizou a entrevista – às pressas e aparentando não entender bem do assunto. Muitas vezes, dependemos apenas de entrevistas por telefone. O que esperar do produto final?
Há também dificuldades técnicas, algumas eu denomino micro-logísticas. Importar planilhas e gráficos entre a internet, Acrobat Reader e brOffice foi uma tarefa complicada em uma das matérias. No período que estagiei, tivemos alguma dificuldade de acesso à rede local (o computador-servidor onde ficam os arquivos), talvez devido à manutenção em alguma parte do sistema. A solução é enviar tudo para o e-mail da Assessoria à medida que os textos vão tomando corpo, já que a diretriz da empresa é evitar colocar informações internas em pendrives pessoais.
O percalço humano é digno de nota, no que diz respeito ao relacionamento com uma assessoria de imprensa. A mídia, os repórteres parecem não ter noção da importância de uma assessoria de imprensa, não enxergar a utilidade pública, apenas a divulgação do produto novo, da crise nova. O público interno, por sua vez, lembra da Assessoria de Comunicação como aquele pessoal que “fotografa os eventos”. O tamanho da (empresa) influi nessa imagem: por exemplo, a Gerência Técnica é dividida em Engenharia e Sistemas. Essa segunda, por sua vez, é sub-setorizada em Banco de Dados, Rede e Suporte. É difícil que todos os funcionários conheçam e valorizem todas as áreas da empresa - o que sobra é o estereótipo.
imagem:University of British Columbia
Minhas atividades estão relacionadas à alimentação da Intranet e à produção do jornal interno da Regional Ceará. A assessoria de imprensa verifica e-mails, correspondência e distribui as tarefas para os colaboradores e estagiários. Também podem ser originadas de idéias, contatos, leituras. As matérias geralmente são feitas a partir de entrevistas, por telefone ou in loco. Outras são realizadas a partir de relatórios de pesquisas ou reportagens da imprensa, como é o caso da matéria sobre a Pesquisa de Opinião. Há temas que dependem de contatos pessoais, como é o caso dos perfis – focando empregados com atividades extra-empresa, como surfistas, taxistas etc.; e a matéria sobre o calendário de eventos juninos – a dificuldade de encontrar dados no Google (mesmo na pesquisa avançada) me fez recorrer às redes sociais.
A produção de notícias é feita diariamente, embora algumas demorem 2 ou mais dias para ficarem prontas. Algumas matérias são “engavetadas” para uso posterior. O fluxo de produção depende da demanda. Por exemplo, a chegada da data de publicação do Boletim interno normalmente acelera as atividades. O trabalho de atendimento à mídia também interfere nesse fluxo. Nas segunda e terceira semanas de estágio, tivemos várias provocações da imprensa regional, reuniões com os setores responsáveis da empresa que alteraram o andamento da Assessoria, reunião com a nova Administração Nacional etc. Afinal, a atividade de Assessoria de Comunicação, assim como a de Jornalismo, não planeja os fatos – pelo menos a maioria deles – apenas divulga. A prova final é revisada pela assessora de imprensa e pelo coordenador de Assessoria de Imprensa, em conjunto com os estagiários. Redatores opinam sobre imagem, artistas gráficos opinam sobre o texto. Também colaboro com o clipping, e vejo que, pelo menos no período de estágio, houve o acompanhamento, mas não a análise.
Acompanhei um atendimento à imprensa e uma entrevista de um dos Gerentes regionais. Recebemos a provocação, a reclamação, o pedido de informação etc., e procuramos a área específica. Dependendo do caso, há uma consulta à Diretoria Regional. Se houver informações divergentes entre uma e outra fonte, procuramos uma terceira, quarta, ou recorremos à acareação. Só então permitimos a entrevista, ou enviamos a nota. Antes da entrevista, prestamos alguns esclarecimentos adicionais – tanto à repórter quanto ao entrevistado. O local da entrevista também precisa ser verificado – nem sempre a Assessoria de Comunicação local tem autonomia para autorizar o acesso a certas áreas da empresa.
(...) usar os aplicativos (de código aberto) como programas de escritório. Na minha atividade básica, que resulta em textos, não há maiores dificuldades com a ferramenta. Mas há a necessidade de aprendizado, diante de tarefas como diagramação, criação de planilhas.
4 APRENDENDO
A Assessoria de Comunicação da (...), sendo parte de uma organização maior, está subordinado às diretrizes da sede. Assim, não pode se dar a arroubos criativos quando da produção de um evento ou peça de comunicação. Há um padrão visual, um nível de qualidade que devem ser observados, uma identidade visual que vem de fora – vem da sede. No entanto, a Administração Central não produz todas as peças, ficando as regionais responsáveis por alguns trabalhos – o modelo de camisa (de alguns eventos) por exemplo. Na seção de eventos, trabalha-se basicamente com marketing, e não com jornalismo. Não basta pesquisar, entrevistar, transformar em textos. O universo de habilidades necessárias é bem maior do que o fornecido pela universidade. Já sabíamos disso, mas o apelo da prática é muito mais forte do que o conselho dos professores.
A função de integrar Empresa, Mídia e Sociedade também tem lá seus percalços. No plano interno, sofremos com a estrutura social e o modelo fordista de especialização do trabalho: a comunicação com a área administrativa é ótima; com a área operacional, há muito o que fazer. A primeira, tem a seu favor o e-mail, a intranet, o próprio fluxo de informação necessário à área. A segunda sofre com o tipo de comunicação que usamos – a digital, que requer mais computadores do que temos atualmente; com o nível de educação e a formação cultural dos funcionários, que não tem capacidade de usar os computadores ou interesse nas informações da empresa. Sem esquecer o fato inexorável de que só existe uma Assessoria de Comunicação em cada regional – no prédio-sede, perto o suficiente das gerências e coordenações regionais, distante de muitas unidades operacionais. Existe um projeto para encurtar essa distância: o (...), onde gestores de unidades serão incentivados a se tornarem canal entre os funcionários, a Diretoria Regional e a Assessoria de Comunicação, para alcançar um dos objetivos do órgão: integração.
No plano externo, durante o estágio, e através de entrevistas com os coordenadores da Assessoria, notei que o desafio maior é o modelo de jornalismo como conhecemos. Em um dos atendimentos à imprensa, um produtor telefonou, um repórter veio e saiu apenas com algumas informações adicionais, um terceiro efetivamente realizou a entrevista – às pressas e aparentando não entender bem do assunto. Muitas vezes, dependemos apenas de entrevistas por telefone. O que esperar do produto final?
Há também dificuldades técnicas, algumas eu denomino micro-logísticas. Importar planilhas e gráficos entre a internet, Acrobat Reader e brOffice foi uma tarefa complicada em uma das matérias. No período que estagiei, tivemos alguma dificuldade de acesso à rede local (o computador-servidor onde ficam os arquivos), talvez devido à manutenção em alguma parte do sistema. A solução é enviar tudo para o e-mail da Assessoria à medida que os textos vão tomando corpo, já que a diretriz da empresa é evitar colocar informações internas em pendrives pessoais.
O percalço humano é digno de nota, no que diz respeito ao relacionamento com uma assessoria de imprensa. A mídia, os repórteres parecem não ter noção da importância de uma assessoria de imprensa, não enxergar a utilidade pública, apenas a divulgação do produto novo, da crise nova. O público interno, por sua vez, lembra da Assessoria de Comunicação como aquele pessoal que “fotografa os eventos”. O tamanho da (empresa) influi nessa imagem: por exemplo, a Gerência Técnica é dividida em Engenharia e Sistemas. Essa segunda, por sua vez, é sub-setorizada em Banco de Dados, Rede e Suporte. É difícil que todos os funcionários conheçam e valorizem todas as áreas da empresa - o que sobra é o estereótipo.
imagem:University of British Columbia
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